A Dissonância entre o Sucesso de Crítica e a Rentabilidade Corporativa
No ecossistema da indústria de jogos eletrônicos, a aclamação da crítica especializada e o status de "culto" entre os consumidores raramente servem como garantias para a perpetuação de uma franquia. Cientificamente, observa-se que muitas obras que introduziram inovações mecânicas disruptivas ou narrativas complexas falharam em atingir as metas de vendas agressivas estabelecidas por grandes editoras. Essa dissonância cria um vácuo onde propriedades intelectuais valiosas permanecem retidas em arquivos corporativos, impedidas de evoluir porque o retorno sobre o investimento ($ROI$) é considerado incerto em comparação com modelos de negócios mais estáveis, como os jogos como serviço.
O abandono de sequências para títulos proeminentes muitas vezes decorre de uma análise de mercado que prioriza a "massa crítica" sobre a "profundidade de nicho". Quando um jogo como Okami ou Beyond Good & Evil apresenta uma estética única e mecânicas originais, ele corre o risco de ser incompreendido pelo público geral no momento do lançamento, resultando em vendas iniciais medíocres. Para os acionistas, o risco de financiar uma sequência para um título que não dominou os gráficos de vendas é visto como uma negligência fiscal, independentemente da qualidade artística ou da influência que o jogo original exerceu sobre outros desenvolvedores.
Além disso, a estrutura de custos de produção de jogos AAA escalou de forma exponencial, exigindo que cada lançamento seja um sucesso estrondoso para sustentar a operação de um estúdio. Esta realidade financeira sufoca a experimentação e condena franquias que necessitam de tempo para maturar sua base de fãs ao esquecimento prematuro. O limbo narrativo torna-se, então, uma consequência direta de um sistema que valoriza a previsibilidade algorítmica em detrimento da visão autoral, deixando histórias ricas sem conclusão e mecânicas promissoras sem o refinamento que apenas uma sequência poderia proporcionar.
O Impacto das Fusões Corporativas na Dissipação de Talentos e Marcas
A consolidação do mercado através de fusões e aquisições massivas tem sido um dos principais fatores para a morte silenciosa de franquias promissoras. Quando uma gigante da tecnologia adquire uma editora independente, ocorre frequentemente uma "limpeza de catálogo", onde apenas as marcas de maior faturamento recebem sinal verde para novos projetos. Cientificamente, este processo resulta em uma perda de diversidade intelectual, pois propriedades intelectuais menores são deixadas de lado para que os recursos humanos e financeiros sejam redirecionados para as franquias "âncora" da empresa adquirente, independentemente do desejo do público por uma continuação.
Internamente, a transição de propriedade de uma IP frequentemente leva ao êxodo dos criadores originais, que são a alma da obra. Sem a visão dos diretores e roteiristas que conceberam o universo original, qualquer tentativa de sequência pode resultar em um produto descaracterizado que falha em ressoar com a base de fãs estabelecida. O fenômeno do "estúdio fantasma" — onde a marca permanece, mas o talento foi dissipado — é uma barreira invisível que impede que sequências de jogos como Dino Crisis ou Silent Hills vejam a luz do dia, mantendo essas narrativas trancadas em burocracias legais intransponíveis.
A geopolítica das empresas de jogos também desempenha um papel, com IPs frequentemente ficando presas em divisões regionais que não se comunicam efetivamente. Uma franquia amada no mercado ocidental pode ser ignorada por uma matriz asiática que prioriza tendências de consumo diferentes, como o mercado de dispositivos móveis. Essa falta de alinhamento estratégico condena jogos que mereciam uma sequência ao esquecimento técnico, onde o código-fonte pode até ser perdido ou degradado, tornando a ressurreição da franquia um desafio arqueológico e financeiro que poucas empresas estão dispostas a encarar.
A Evolução das Mecânicas Lúdicas e a Percepção de Obsolescência
Muitas vezes, a recusa em produzir uma sequência baseia-se na percepção errônea de que as mecânicas de um jogo clássico não se traduziriam bem para os padrões modernos de consumo. Desenvolvedores e editores temem que a jogabilidade que definiu títulos como Bully ou Eternal Darkness seja considerada lenta ou complexa demais para a audiência contemporânea, que é frequentemente submetida a designs focados em gratificação instantânea. No entanto, cientificamente, a inovação muitas vezes surge da reinterpretação de mecânicas antigas sob novas tecnologias, e o medo da obsolescência acaba por privar a indústria de evoluções necessárias.
A transição para o modelo de "mundo aberto" e "serviço ao vivo" também atuou como um filtro excludente para muitas franquias que focavam em experiências lineares e fechadas. Jogos que mereciam uma continuação para expandir seus sistemas de interação, como o uso de física em Half-Life 2 (cuja sequência se tornou o maior mito da indústria), sofrem com a expectativa de que cada nova entrada deva revolucionar o meio de forma absoluta. A pressão por perfeição e inovação total cria um paralisia criativa, onde as empresas preferem não lançar nada a lançar algo que não atinja o status de obra-prima instantânea.
O fator nostalgia também desempenha um papel ambivalente nesta equação. Enquanto o desejo dos fãs mantém a chama da IP acesa, ele também eleva o padrão de exigência a níveis quase inalcançáveis para uma sequência moderna. As empresas hesitam em revisitar clássicos como Vagrant Story ou Legacy of Kain porque sabem que qualquer alteração na fórmula original será recebida com escrutínio severo. Assim, a preservação do status de "clássico intocado" torna-se uma desculpa conveniente para evitar os riscos de uma produção contemporânea, deixando as narrativas e inovações desses jogos estagnadas no tempo.
Barreiras Legais e o Pesadelo dos Direitos Autorais Fragmentados
A impossibilidade de uma sequência para certos jogos frequentemente não reside na falta de vontade criativa ou interesse do mercado, mas em impasses jurídicos complexos conhecidos como "direitos autorais órfãos". Quando estúdios fecham ou são vendidos em partes, os direitos de publicação, os direitos da trilha sonora e as patentes de tecnologia podem acabar espalhados entre diferentes entidades que não possuem interesse em colaborar. Cientificamente, essa fragmentação da propriedade intelectual atua como um freio na preservação e expansão cultural dos videogames, impedindo que obras como No One Lives Forever sejam sequer relançadas, quanto mais continuadas.
Este cenário é agravado pelo licenciamento de marcas externas, como no caso de jogos baseados em filmes ou quadrinhos que tiveram produções de alta qualidade, mas cujas licenças expiraram. O custo de renovação dessas licenças, somado ao custo de desenvolvimento de uma sequência moderna, torna o projeto financeiramente proibitivo para a maioria das editoras. Assim, jogos que definiram gêneros ou estabeleceram padrões de excelência são apagados da história comercial não por falta de mérito, mas pela rigidez de contratos legais que não previram a longevidade e a importância cultural da mídia digital.
Para os pesquisadores de ludologia, essa situação levanta questões éticas sobre a soberania da arte sobre a propriedade privada. A perda de uma sequência que poderia concluir arcos narrativos importantes ou resolver lacunas lúdicas é uma perda para o repertório humano de histórias. Enquanto o software for tratado apenas como um ativo financeiro e não como um bem cultural, franquias valiosas continuarão presas em limbos legais, aguardando por uma reforma nas leis de direitos autorais ou por uma mudança de paradigma corporativo que permita que a criatividade flua para além das barreiras burocráticas.
💎 10 Prós Elucidados (O Potencial Inexplorado)
Você descobrirá que reviver essas franquias traria benefícios únicos para o ecossistema atual:
| Ícone | Benefício | Descrição Elucidada (Até 190 caracteres) |
| 🚀 | Fidelidade de Nicho | Você herda uma base de fãs apaixonada e leal que servirá como embaixadora gratuita da marca, garantindo engajamento orgânico massivo e uma recepção calorosa no anúncio inicial do projeto. |
| 🎨 | Inovação Estética | Você pode resgatar estilos artísticos únicos (como o cel-shading de Okami ou a atmosfera de Bloodborne) que se destacam na saturação de jogos fotorrealistas genéricos do mercado moderno. |
| 📜 | Roteiros Ricos | Você aproveita mundos já estabelecidos com lore profunda, permitindo que a sequência foque na expansão narrativa em vez de gastar recursos na introdução básica de conceitos e personagens. |
| 🛠️ | Mecânicas Úteis | Você resgata sistemas de jogabilidade inovadores que foram esquecidos, como o sistema de nêmesis ou interações físicas complexas, refinando-os com o poder de processamento das novas CPUs. |
| 📈 | Menor Risco de IP | Você trabalha com uma marca já reconhecida, o que facilita a aprovação de orçamentos por parte de investidores que preferem nomes familiares a novas propriedades intelectuais incertas. |
| 🧘 | Justiça Poética | Você satisfaz um desejo coletivo de décadas, gerando um valor de "boa vontade" para a empresa desenvolvedora, melhorando sua imagem pública diante de uma comunidade muitas vezes cética. |
| 🌍 | Expansão de Universo | Você tem a chance de explorar novos continentes ou eras dentro de uma mitologia amada, transformando um jogo único em uma franquia multimídia com potencial de transposição para cinema e TV. |
| 💡 | Evolução Técnica | Você finalmente aplica tecnologias modernas (como Ray Tracing ou SSDs rápidos) em conceitos que eram limitados pelo hardware da época, realizando a visão original completa dos autores. |
| 🤝 | Retorno de Talentos | Você atrai veteranos da indústria que desejam revisitar suas obras mais queridas, unindo a experiência dos mestres originais com a energia de novos desenvolvedores fãs daquela franquia. |
| 🏆 | Legado Consolidado | Você transforma um "clássico cult" em um pilar da indústria, garantindo que a propriedade intelectual não caia no esquecimento e continue gerando receita através de remasters e produtos. |
🚫 10 Contras Elucidados (As Barreiras do Esquecimento)
Cuidado: o caminho para uma sequência está repleto de obstáculos burocráticos e riscos criativos:
| Ícone | Malefício | Descrição Elucidada (Até 190 caracteres) |
| ⛓️ | Embaraço Legal | Você enfrenta pesadelos de direitos autorais onde a editora original faliu e a IP foi fragmentada entre múltiplas empresas, tornando a produção legalmente impossível de ser iniciada hoje. |
| 💸 | Custo de Produção | Você percebe que o custo para fazer uma sequência AAA atual é dez vezes maior que o original, exigindo vendas massivas que o nicho daquela franquia talvez não consiga sustentar sozinho. |
| 💔 | Expectativa Irreal | Você lida com a nostalgia dos fãs, que criaram uma imagem perfeita do jogo original na memória; qualquer sequência corre o risco de ser odiada por não atingir esse ideal inalcançável. |
| 🌫️ | Perda de Identidade | Você corre o risco de ver a sequência ser "modernizada" demais para atrair o público geral, perdendo a essência excêntrica que fez o primeiro jogo ser amado por seu público fiel e original. |
| 📉 | Histórico de Vendas | Você é barrado por executivos que olham apenas para os números frios; se o primeiro jogo não foi um sucesso comercial estrondoso, ele é rotulado como "risco desnecessário" pela diretoria. |
| 🚪 | Êxodo Criativo | Você tenta reviver a franquia sem os diretores e roteiristas originais, o que muitas vezes resulta em uma sequência sem alma, que falha em capturar o tom e a filosofia da obra inicial. |
| 🚧 | Saturação de Gênero | Você tenta lançar uma sequência de um gênero que não está mais "na moda" (como RPGs táticos puros ou aventuras point-and-click), enfrentando resistência do mercado e das grandes lojas. |
| 🏚️ | Código Obsoleto | Você descobre que o código-fonte original foi perdido ou está tão defasado que nada pode ser reaproveitado, exigindo que o jogo seja refeito do zero absoluto, elevando o tempo de projeto. |
| ⚡ | Conflito de Cronograma | Você vê a IP ser deixada de lado porque o estúdio prefere focar em projetos de "serviço ao vivo" (GaaS) que geram receita recorrente, em vez de uma aventura única e fechada de um jogador. |
| 🌑 | Desinteresse Público | Você teme que, após 10 ou 20 anos de hiato, o público em geral já tenha esquecido a franquia, tornando o marketing excessivamente caro para reintroduzir o mundo a uma nova geração. |
⚖️ 10 Verdades e Mentiras Elucidadas
Você deve discernir entre o hype da internet e a realidade dos escritórios executivos:
| Ícone | Status | Descrição Elucidada (Até 190 caracteres) |
| ✅ | Verdade | Sucesso de crítica não garante sequência; jogos como Okami e Beyond Good & Evil são amados pela imprensa, mas falharam comercialmente, o que trava qualquer investimento em novos títulos. |
| ❌ | Mentira | Pedir no Twitter resolve tudo; embora o barulho social ajude na visibilidade, as empresas baseiam decisões em dados de mercado, pesquisas de intenção de compra e viabilidade financeira. |
| ✅ | Verdade | Half-Life 3 tornou-se um risco de marca; a Valve sabe que a expectativa é tão absurdamente alta que qualquer produto lançado poderia manchar o legado da franquia se não for perfeito. |
| ❌ | Mentira | Se os fãs financiarem, o jogo sai; o Kickstarter provou que o dinheiro dos fãs raramente cobre o custo real de um AAA, servindo apenas para projetos indies ou protótipos iniciais de escala. |
| ✅ | Verdade | Fusões de empresas matam IPs; quando uma gigante compra outra, ela costuma "limpar" o catálogo e focar apenas nas 3 ou 4 marcas que rendem bilhões, deixando o resto apodrecer no porão. |
| ❌ | Mentira | O diretor não quer fazer; na maioria das vezes, os criadores originais estão desesperados para continuar suas histórias, mas são impedidos pelos donos das marcas que detêm os direitos. |
| ✅ | Verdade | Remasters testam o mercado; muitas vezes, um relançamento em 4K serve como pesquisa de campo para ver se ainda existe público interessado o suficiente para justificar uma sequência inédita. |
| ❌ | Mentira | Gráficos impedem a sequência; o visual não é o problema, mas sim a estrutura de gameplay; muitas fórmulas antigas não se traduzem bem para os hábitos de consumo dos jogadores atuais. |
| ✅ | Verdade | Exclusividade pode salvar ou matar; um contrato de exclusividade pode dar o fôlego financeiro para uma sequência existir, mas limita o alcance do público e o lucro total a longo prazo. |
| ❌ | Mentira | É impossível continuar a história; roteiristas profissionais sempre encontram caminhos; a ausência de sequência é quase sempre uma decisão contábil, nunca uma limitação de criatividade. |
🛠️ 10 Soluções (Como Trazer de Volta o que Amamos)
Aplique estas estratégias para ajudar a tirar sua franquia favorita do limbo:
| Ícone | Solução | Descrição Elucidada (Até 190 caracteres) |
| 📈 | Engajamento nos Remasters | Você deve comprar e jogar os relançamentos oficiais; os números de vendas dessas versões são os principais argumentos que os produtores usam para convencer acionistas sobre sequências. |
| 🖋️ | Petições Estruturadas | Você deve participar de campanhas focadas e organizadas, enviando cartas e feedbacks educados diretamente para as editoras, mostrando que existe um mercado consumidor ativo e carente. |
| 🕹️ | Sucesso Espiritual | Você deve apoiar sucessores espirituais feitos por ex-membros da equipe original; se esses jogos venderem bem, a dona da IP original pode se sentir motivada a reagir e reviver a marca. |
| 🎥 | Criação de Conteúdo | Você deve produzir vídeos, artes e mods sobre o jogo; manter a IP relevante em plataformas como YouTube e Twitch sinaliza para os algoritmos de mercado que a marca ainda possui força. |
| 🤝 | Licenciamento Externo | Você deve torcer para que a empresa dona da IP licencie a marca para estúdios menores e especializados, uma estratégia que tem dado vida nova a franquias antigas com orçamentos médios. |
| 🧬 | Inovação Independente | Você deve encorajar o desenvolvimento de "fan-games" (desde que respeitem as leis); eles frequentemente servem como prova de conceito e mostram o que os fãs realmente querem ver na sequência. |
| 📊 | Pesquisas Oficiais | Você deve responder a todos os questionários enviados por empresas de games após jogar um título; sua opinião direta é tabulada e usada para definir os próximos passos da produtora. |
| 🌍 | União de Fandoms | Você deve colaborar com comunidades internacionais; um movimento global coordenado tem muito mais peso do que reclamações isoladas em fóruns regionais sem alcance corporativo. |
| 💡 | Apoio ao Game Pass | Você deve jogar títulos antigos em serviços de assinatura; o tempo de jogo e a quantidade de usuários únicos nessas plataformas são métricas modernas valiosas para ressuscitar IPs. |
| 🛡️ | Preservação Ativa | Você deve apoiar museus e bibliotecas de games; garantir que o jogo original permaneça jogável e acessível é o primeiro passo para que ele nunca seja esquecido pela nova geração. |
📜 10 Mandamentos do Fã de Sequências Impossíveis
Siga estas leis para manter sua esperança viva sem cair no cinismo ou na frustração:
| Ícone | Mandamento | Descrição Elucidada (Até 190 caracteres) |
| 🚫 | Não Odiarás o Novo | Você não atacará novas franquias só porque sua favorita foi esquecida; o sucesso da indústria como um todo é o que permite, eventualmente, que projetos de risco recebam sinal verde. |
| 💎 | Honrarás o Original | Você manterá a memória do primeiro jogo viva, apresentando-o a novos amigos e jogadores; uma IP só morre de verdade quando as pessoas param de falar e de se importar com ela. |
| 🗣️ | Não Praticarás o Tóxico | Você fará cobranças firmes, porém respeitosas; ataques a desenvolvedores em redes sociais apenas criam uma imagem negativa da comunidade e afastam profissionais talentosos da marca. |
| ⚖️ | Aceitarás a Mudança | Você entenderá que uma sequência após 20 anos será diferente do original; esteja aberto a novas mecânicas e visões, desde que o espírito central da obra seja respeitado e mantido. |
| 💡 | Buscarás Alternativas | Você explorará jogos indies que bebem da mesma fonte; muitas vezes, a "sequência" que você busca já existe com outro nome e foi feita com muito mais carinho por um estúdio pequeno. |
| 🛡️ | Não Crerás em Rumores | Você protegerá sua saúde mental ignorando "leaks" de fontes não confiáveis; o ciclo de hype e decepção constante drena a energia e a paixão que você tem pelo hobby de jogar. |
| 🕯️ | Manterás a Esperança | Você lembrará que marcas como Shenmue e Metroid Dread voltaram após décadas; na indústria de games, nenhuma IP está morta para sempre enquanto houver demanda e tecnologia disponível. |
| 🤝 | Apoiarás o Criador | Você seguirá os diretores originais em seus novos projetos; mesmo que não seja a sequência que você quer, apoiar o talento garante que eles continuem na indústria para tentar de novo. |
| 📈 | Entenderás o Mercado | Você estudará o básico da economia dos games; saber por que um jogo é cancelado ajuda a direcionar seus esforços de fã para as áreas que realmente influenciam as decisões. |
| 🌍 | Serás o Guardião | Você agirá como um embaixador da obra; seu entusiasmo genuíno é a ferramenta mais poderosa para converter novos fãs e provar que aquela história ainda merece ser concluída. |
A Mudança de Paradigma para o Game Pass e o Resgate de IPs Esquecidas
Recentemente, a ascensão de modelos de assinatura, como o Xbox Game Pass e o PlayStation Plus, começou a mudar a lógica econômica por trás do resgate de franquias esquecidas. Cientificamente, esses serviços operam com base no engajamento e na diversidade de catálogo, em vez de vendas unitárias massivas. Isso permite que jogos que "mereciam uma continuação" recebam uma nova oportunidade, pois o risco financeiro é diluído em um ecossistema de assinantes que buscam experiências variadas. O sucesso de títulos menores ou nichados nessas plataformas serve como uma prova de conceito para que editoras reconsiderem sequências de IPs dormentes.
A análise de dados em tempo real fornecida por esses serviços permite que as empresas identifiquem exatamente qual é o interesse do público por títulos antigos. Se um jogo clássico recebe um pico de jogadores quando adicionado a um serviço de assinatura, isso gera um argumento estatístico poderoso para o desenvolvimento de uma sequência. Este novo modelo de negócios pode ser o catalisador para o retorno de franquias como Banjo-Kazooie ou Splinter Cell, que ficaram anos sem novas entradas porque o modelo tradicional de varejo não justificava o investimento necessário para sua produção.
No entanto, essa mudança também traz desafios, como a pressão para que as sequências sejam adaptadas para manter o engajamento contínuo (características de GaaS), o que pode desvirtuar a natureza de experiências focadas em um único jogador. O desafio para a indústria nesta nova era será equilibrar a viabilidade econômica dos serviços de assinatura com a integridade artística das franquias que estão sendo resgatadas. Se bem administrado, este paradigma pode representar um renascimento para os "10 jogos que nunca tiveram uma continuação", transformando o desejo dos fãs em dados acionáveis que finalmente destravam orçamentos de produção.
O Papel dos Sucessores Espirituais e a Independência Criativa
Diante da inércia das grandes corporações, muitos criadores optaram por desenvolver "sucessores espirituais" como forma de dar continuidade às suas visões artísticas sem infringir direitos autorais. Exemplos como Bloodstained (sucessor de Castlevania) e Outer Worlds (herdando o espírito de Fallout New Vegas) mostram que o DNA de um jogo pode sobreviver mesmo que o nome da franquia permaneça trancado em um cofre corporativo. Cientificamente, este fenômeno demonstra que a inovação lúdica é resiliente e que o mercado consumidor é capaz de identificar e apoiar a essência de uma obra para além da marca oficial.
Embora os sucessores espirituais ofereçam uma saída para o impasse criativo, eles frequentemente sofrem com orçamentos mais limitados e a impossibilidade de usar personagens e mundos estabelecidos. A falta de continuidade direta pode ser frustrante para fãs que desejam o encerramento de tramas específicas. No entanto, o sucesso desses projetos serve como um lembrete constante para as grandes editoras de que elas estão sentadas sobre "minas de ouro" de interesse público que estão sendo exploradas por terceiros. Essa pressão competitiva pode, eventualmente, forçar o retorno das franquias originais.
A ascensão do desenvolvimento independente e do financiamento coletivo permitiu que criadores mantivessem a soberania sobre suas IPs, evitando que seus jogos caiam no limbo das sequências inexistentes. Ao manter o controle total, esses desenvolvedores podem planejar cronogramas de longo prazo que não dependem de relatórios trimestrais de acionistas. A lição para a indústria é clara: se as grandes empresas não derem continuidade às obras que os jogadores amam, a criatividade encontrará novos caminhos, e as marcas clássicas podem acabar se tornando relíquias irrelevantes de um passado onde o controle corporativo sufocou a evolução da arte.
Conclusão: O Valor da Continuidade na Cultura Digital
A análise dos jogos que mereciam uma continuação mas nunca a tiveram revela uma falha estrutural na forma como a indústria de tecnologia lida com seu patrimônio artístico. A obsessão pelo crescimento infinito e pela mitigação total de riscos financeiros resultou no abandono de narrativas e mecânicas que definiram gerações de jogadores. A recuperação dessas franquias não é apenas um ato de nostalgia, mas uma necessidade de preservação e evolução cultural, garantindo que o videogame seja respeitado como uma mídia capaz de sustentar legados de longo prazo e conclusões satisfatórias para suas jornadas épicas.
O futuro das sequências "impossíveis" depende de uma combinação de novas tecnologias de desenvolvimento (que reduzem custos), modelos de distribuição baseados em assinatura e uma pressão contínua de uma base de fãs cada vez mais organizada e vocal. A indústria precisa reconhecer que o valor de uma IP vai além do lucro imediato; ele reside na confiança e na conexão emocional que os jogadores estabelecem com essas obras. Destravar essas sequências é, em última análise, um investimento na saúde e na longevidade de toda a cultura gamer.
Encerrar o ciclo de uma história ou refinar uma mecânica de jogo através de uma sequência é um processo fundamental para a maturidade de qualquer forma de arte. Enquanto jogos brilhantes permanecerem sem continuação, a indústria de games estará operando com um repertório incompleto. É imperativo que desenvolvedores, editores e detentores de direitos autorais encontrem meios de colaborar para que o limbo narrativo deixe de ser a norma e passe a ser a exceção, permitindo que a inovação e a tradição caminhem juntas rumo a novas fronteiras de entretenimento e expressão humana.
Referências Bibliográficas Tabuladas
| ID | Autor(es) | Título da Obra | Ano | Editora/Periódico |
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